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Gripe A: Como prevenir e tratar a infeção?

14 Jan 2024 - 10:03

Gripe A: Como prevenir e tratar a infeção?

O inverno é uma altura crítica no que respeita à circulação de vírus respiratórios. Por norma, no mês de janeiro costuma-se registar picos de gripe. Este ano têm sido reportados mais casos de gripe do que no ano passado, sobretudo de gripe A. O que distingue a gripe A das outras gripes? É mais grave? Como prevenir e tratar a doença?

Em declarações ao Viral, Alexandre Carvalho, médico assistente no Serviço de Medicina Interna do Hospital de Braga e professor na Escola de Medicina (EMed) da Universidade do Minho, esclarece todas as dúvidas.

O que distingue a gripe A das outras gripes?

Alexandre Carvalho começa por explicar que “a gripe é uma doença causada por vírus da família dos influenza”. E, mesmo dentro dos vários tipos de influenza, existem subtipos. Chama-se “gripe A” à “doença causada por um vírus de influenza do tipo A”, frisa o médico. 

Segundo o especialista, “o que varia é o tipo de vírus que causa a doença chamada gripe”, mas, no fundo, “não há muita diferença” no desenvolvimento da doença. O que acontece é que ao longo dos anos os tipos e os subtipos de vírus influenza vão sofrendo mutações. 

Como esclarece o professor da EMed, “os vírus que estão a circular neste momento são o H1N1, descendente do vírus pandémico de 2009, e o H3N2, que já circula desde os anos 1970”.

A distinção entre gripe A e B só é possível através de “testes” clínicos a “colheitas realizadas com zaragatoas”.

Estes testes permitem “identificar os vírus que circulam com maior frequência ou têm maiores implicações clínicas”, ou seja, “o vírus da Covid (SARS-CoV-2), o influenza A (não especificando se é H1N1 ou H3N2), o influenza B e o vírus sincicial respiratório (mais associado a infeções em crianças e pessoas idosas)”.

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No que diz respeito aos sintomas, Alexandre Carvalho explica que “os sintomas de qualquer gripe são muito parecidos com outras infeções respiratórias que também circulam muito nesta altura”. 

Fala-se sobretudo de “febre, dores de cabeça, dores no corpo, nariz entupido, tosse e falta de ar”, mas existem outros (ver aqui).

Como prevenir a Gripe A?

Segundo o especialista em medicina interna, os cuidados a ter na prevenção da gripe A são muito semelhantes às precauções que devem ser tomadas durante a circulação de qualquer vírus respiratório. Alexandre Carvalho aponta algumas medidas importantes a ter em conta:

  • Tomar a vacina contra a gripe

Como se explica num texto de perguntas e respostas sobre a vacinação contra a gripe e contra a Covid-19 publicado no site do Serviço Nacional da Saúde, estas vacinas “têm o objetivo de reduzir do risco de doença grave, hospitalização e morte por infeção”, devendo ser tomadas anualmente pela “população mais vulnerável” (ver aqui).

Aliás, Alexandre Carvalho frisa que, na campanha mais recente (2023/2024), as pessoas a partir dos 60 anos passaram a ser elegíveis. Contudo, verificou-se que estas pessoas “não têm aderido muito à vacinação”, talvez “por não estarem habituadas” a serem incluídas.

O especialista adianta que a vacina da gripe “já é usada há muitos anos”, “é eficaz” e “não tem causado efeitos laterais graves”. Apesar de “surgirem pequenas mutações dos vírus anualmente”, deve continuar a ser administrada, porque “não perdeu eficácia”.

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  • Recorrer a serviços de saúde só quando é mesmo necessário

Na visão de Alexandre Carvalho, “pessoas que têm sintomas gripais leves ou até moderados e não têm nenhum outro problema de saúde associado devem abster-se de ir a hospitais e centros de saúde”. 

Isto porque correm o risco de serem infetados com vírus que não têm no organismo ou de infetarem pessoas vulneráveis. “Vão entrar num ambiente com muitas pessoas doentes, a tossir, espirrar e a lançar vírus para o ar, mesmo através da respiração”, sustenta. 

Por isso, mesmo que “não tenha uma doença vírica qualquer, há um alto risco de a contrair nesse momento”, alerta o especialista.


  • Utilizar máscara para impedir a transmissão do vírus

Na perspetiva do médico do Hospital de Braga, “as pessoas doentes, com sintomas gripais, devem usar máscara (como no tempo da pandemia de Covid-19), para impedir a transmissão de vírus, seja ele qual for”.

Alexandre Carvalho reforça que “as máscaras são eficazes independentemente do vírus” em causa e a sua utilização ajuda a “impedir a transmissão a parentes, colegas, conviventes”, etc.

  • Utilizar máscara como proteção

Por outro lado, o professor da EMed também considera que “as pessoas que estão identificadas como grupo de risco para doença grave por um vírus influenza (ou outro vírus), numa altura em que há muita circulação de vírus respiratórios, devem usar máscara”. 

Neste contexto, alerta, “pessoas com alguma fragilidade”, como “idosos” e “pessoas com problemas imunitários”, em “ambientes com muita gente, ou fechados, devem proteger-se”, evitando ao máximo contrair uma doença respiratória.

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  • Outras medidas de prevenção

Além dos conselhos dados por Alexandre Carvalho, o SNS enumera, num texto de perguntas e respostas sobre a gripe A, outros cuidados complementares

Por um lado, “as pessoas doentes não devem partilhar a mesma divisão, beijar ou abraçar” outras pessoas. Além disso, recomenda-se que mantenham o “distanciamento dos outros”, arejem “espaços interiores”, desinfetem “zonas de utilização comum” e lavem as mãos com frequência.

Por último, é igualmente importante “manter a etiqueta respiratória”, ou seja, “cobrir a boca e o nariz com um lenço ou o braço quando se espirra ou tosse”, “não espirrar ou tossir para as mãos” e “lavar as mãos após tossir ou espirrar”, lê-se.

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Qual o tratamento para a gripe A?

No caso das pessoas ditas “saudáveis”, não há nenhum medicamento que permita “abreviar a duração da gripe”, aponta Alexandre Carvalho. Para a maioria da população, a gripe é “uma doença autolimitada”, isto é, passa “ao fim de 4 ou 5 dias”.

Neste contexto, “o tratamento é dirigido à atenuação dos sintomas”. Recorre-se, por exemplo: “a anti-inflamatórios para reduzir o mal-estar, as dores de cabeça ou musculares e a febre”; “a anti-histamínicos para reduzir a congestão nasal”; ou “a antitússicos para diminuir a tosse”, salienta.

Contudo, quando se fala de pessoas consideradas vulneráveis, pode ser necessária a administração de “antivíricos”. Isto porque estes doentes chegam a ficar “com muita falta de ar” e, “às vezes, precisam de ser internadas e ventiladas”, conclui.


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